Foi deitar-se a meia-noite. O dia seguinte trazia compromissos. Escovou os dentes e lavou o rosto. Olhou-se no espelho e achou que estava bem, o rosto atraente, o cabelo bem caído. Bebeu um copo d’água e deitou-se. A cama aconchegante numa noite de inverno e dois edredons pesados prendendo o corpo no colchão. Fechou os olhos feliz, pensando na agradável noite de sono por vir.
Nos olhos fechados se projetaram cenas desconexas da tela do MSN. As letrinhas coloridas passavam de lá pra cá e de repente um lapso. A própria escrita digital nas janelinhas azuis desaparecera de sua mente. Não reconhecia a fonte com a qual escrevia há tantos anos na mesma tela. Lembrava dos roxos e azuis dos seus amigos. Podia desenhar mentalmente a fonte da fala de cada amigo virtual, mas a sua era uma incógnita que se tornava um Arial cinza sem tamanho.
O que a princípio causou um pequeno riso, tornou-se uma inquietação. Porque seria incapaz de ver a própria fonte de escrita das confissões e histórias que compartilhava naquela tela? O pensamento de levantar-se para conferir o MSN cruzou a cabeça.
Virou-se de lado.
Olhos abertos mirando a parede, tentando enxergar a tela e desenhar as letras.
Virou-se para o outro lado.
Levantou-se por fim. Colocou chinelos e um casaco e foi até o computador. Esperou a inicialização com paciência e ligou o MSN. Alguns amigos on-line. Para testar, precisava abrir uma janela. Escolheu um alguém e digitou algumas palavras...
2 comentários:
Também não tentei muito.
besta!
achei o fim perfeito pro começo...
Postar um comentário