7.10.11

Felicidade

Ela seguiu os mandamentos todos e vivia como esperavam que vivesse. Agradou à família e ao capital. Tinha posses, tinha estabilidade. Arrancava o sangue dos pobres todos os dias, mas também sem deixar de guardar aquele pequeno espaço para a culpa. Um dia talvez, fizesse caridade para compensar. Por enquanto compensava a dor com conforto comprado.

Encontrou um marido que lhe cuidava e tolhia. Um amor de manual: um homem que vê tevê e a mulher que o agrada. O sexo, como manda a regra da boa esposa: uma obrigação sem tesão. Fiel, devotada, trabalhadora, estável, eficiente, bem arrumada e sorridente.

E, no entanto, quem tinha paz, era eu.

Um comentário:

cruz disse...

nunca é bom viver como os outros esperam que vivam, a vida só acontece se está disposto a riscos, internos e externos