1.6.11

Maré

Sou todo água.
Me inundo de tempos em tempos.
Meu cérebro se enche de idéias e percepções e a água violenta arrasta minha moral, meus conceitos, minha segurança. Eu começo levantando os móveis, fazendo barragens e segurando portas. Mas acabo sempre desistindo e me entregando ao movimento da água, o reflexo refratado no teto, o cheiro da lama e do esgoto invadindo meu corpo. Bóio na correnteza. Deixo o acaso me levar a novos pensamentos e novas descobertas.

A maré é (im)precisa.

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