21.8.11

putz... (por Marina Fuser, pra mim.)

No início era a carne
Apetite contra o qual tentei relutar
seu olhar fulminante me penetrava
como se estivesse imerso em saliva
Você era todo saliva
Seu calor, sua pele
Era como um cuspe no chão
Um híbrido entre prazer, delírio, repulsa e nojo
Você, que nunca me entendeu
foi capaz de penetrar minha escuridão
Sorrateiramente, foi entrando
Sem pedir licença
O mais temeroso em você
Despertou minha sordidez lasciva
Um áspero deslizar de fora para dentro
Sussurrando a podridão do mundo
no cantinho da minha orelha
Um prazer vil faz pulsar o trivial
para fora, está rasgado o invólucro
Um estrondo catártico transborda o fulcro
Você conheceu meu lado escuro da lua
E como todo bom astronauta
cravou sua bandeira e voltou à janela
Para contemplar a noite escura
Reflexo de sua própria sombra
que apaga as estrelas
e eclipsa a visão

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