Sim. Vou escrever sobre a morte do Michael Jackson. Sou fã. Mas não é isso que me emociona. Michael reuniu em si todas as desgraças desse tempo de decadência há. Um menino pobre, espancado pelo pai, negligenciado pela mãe. Negro no país mais racista fora da África. Astro mirim, vigiado, atacado, difamado, perseguido pela mídia que vive vendendo as desgraças dos famosos para que as nossas pareçam mais amenas. A fortuna infinita trouxe interesses alheios e falsas aproximações em busca da riqueza. O dinheiro não salvou Michael de nenhuma das mazelas que o mundo já havia lhe aprontado. Ao contrário, permitiu a um homem de ego partido dar forma a todas as distorções que trazia consigo. Vítima do preconceito e da moderna oferta da medicina plástica atacou seu corpo até transformá-lo num arremedo do que foi. Morreu medicado, anestesiado para não sentir a dor da qual fugiu a vida toda.
Tudo isso era a chave do sucesso. Era esse sofrimento, esse deslocamento que encantava. Por quê Michael cantava com raiva. Desde o começo era a angústia e raiva amarradas no peito que explodiam em canto e dança e nos emocionava por que queríamos nós também explodir daquela maneira.
Hoje vi as cenas do Harlem nos Estados Unidos. Negros pobres trabalhadores norte americanos cantam e dançam nas ruas. Música alta nos carros. E não há tristeza. Há emoção. Há uma força que emana daquela raiva que Michael cantava. Sempre fui fã. Mas só hoje entendi porquê.
PS.: Crédito à minha companheira. Foi ela que percebeu, anos atrás que Michael cantava com raiva.
Um comentário:
uiiii às boas performances que ainda existem mas no passado;
menos um pedófilo.
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