Olho bobamente a tela do computador.
Não há janelas com gente que fale comigo.
Há a mesma estúpida tela de sempre.
Fico aqui esperando que algo de humano e confortador atravesse a tela e venha me abraçar. Que mate essa solidão de vazio no peito e coração sem bater. Fico esperando que eu possa também lançar na tela palavras que me expressem. Na esperança provavelmente vã de que as palavras busquem pra mim alguém que traga um alento.
...
Nada. Sem eco. Sem nada. O relógio aponta que amanhã terei sono. Que meu trabalho me espera com a mesma maquinosa pontualidade cotidiana. O cursor pisca ansioso e me exige criatividade sem pausa. O silêncio da casa e da rua me lembra que nessa terra estou só fora da sintonia do sono, fora do relógio que nos iguala a todos.
A cama conversa com as minha costas. Planejam afagos e amores. Meus olhos se curvam ante o brilho catódico do monitor. Hipnotizados, piscam pesadamente, ouvindo os comandos mansos de um zunido branco de ventuinhas de computador. Meus dedos, lentos, languidos, perdidos... erram comandos. Violam a gramática.
Sem resposta. Sem mágica. Sem travessias e sem companhia. Salvo o texto em imaginação e morro-me mais um dia. Amanhã é o quem sabe. Eu sei. Todos sabemos. Amanhã... é mais do mesmo.
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